sexta-feira, 27 de novembro de 2009

As Castanhas



Os castanheiros são nativos das regiões de temperatura amena do hemisfério norte do globo terrestre. Duram até aos 500 anos, e apenas dão fruto quando atingem os 40 anos. Estas árvores dão-se bem em terrenos ácidos, como os formados por granito e xisto, e não se desenvolvem bem em solo alcalino. As castanhas estão contidas num ouriço espinhoso, com cerca de 5 a 11 cm de diâmetro, que contém entre uma a sete castanhas.
As castanhas têm uma relevância inquestionável na gastronomia Europeia, particularmente, nos países do sul, (onde se inclui Portugal, claro); na Ásia, e também na zona este da América do Norte.



A castanha foi, provavelmente, um dos primeiros alimentos a serem consumidos pelo Homem, uma vez que há indícios do seu uso já na pré-história. Espalharam-se por toda a Europa a partir da Grécia. Durante a Idade Média, as pessoas tinham um acesso bastante limitado à farinha de trigo, e, então, as castanhas eram a sua principal fonte de hidratos de carbono. As castanhas, tradicionalmente, eram dadas aos pobres, e representavam a abundância e o alimento, daí serem o símbolo da festa de S. Martinho, e também da festa de S. Simão, na Toscânia.
As castanhas contêm o dobro do amido das batatas e, por isso, não surpreende que sejam um importante alimento na China, no Japão e na Europa do Sul, onde frequentemente são transformadas em farinha, a partir da qual se faz pão e massas, tanto que o castanheiro é conhecido por "árvore do pão".

Não se devem comer castanhas cruas devido aos seus elevados índices de ácido tânico. Assim, devem ser cozinhadas de forma a evitar desconforto digestivo. Também, não devem ser comidas com casca. Quando cruas, torna-se virtualmente impossível descascá-las, embora o possas fazer com uma boa dose de paciência e cuidado! É bastante mais fácil retirar-lhes a casca quando cozinhadas. As castanhas podem ser cozidas, usadas em sopas, para acompanhar seitan
assado, em puré, para preparar bebida de castanhas usando máquina
de leite de soja, assadas e até cristalizadas – estas últimas muito apreciadas em França onde são conhecidas como marrons glacés. Em muitas receitas, podem substituir as batatas e, inclusivamente, a massa. Combinam particularmente bem com batata-doce, cenoura, cogumelos, couves-de-bruxelas, e couve. São excelentes quer para pratos doces como salgados.
A cozinha italiana, nos últimos tempos, tem feito um esforço para voltar a usar a castanha, tal como no passado, seguindo a moda de redescobrir os pratos tradicionais.

Para que as castanhas se conservem ao longo do Inverno, estas devem ser perfeitamente secas, a partir do momento em que deixam o ouriço; depois é colocá-las numa caixa ou recipiente coberto com areia fina e seca, numa proporção de 3 partes de areia para uma de castanhas. Na eventualidade de alguma castanha ter “bicho” (larvas de insectos), estes irão emergir à superfície da areia em busca de ar, e assim evita-se que se contaminem as outras castanhas.
As que pretenderes plantar na primavera, precisam de ser mantidas em areia húmida e expostas ao frio no Inverno.

Nota: As castanhas não devem ser confundidas com castanhas-da-índia, algo semelhantes de aspecto, que são o fruto de outro tipo de castanheiro, pois são venenosas, embora tenham alguma aplicação medicinal, principalmente no combate à má-circulação sanguínea.


Informação Nutricional
As castanhas são deliciosas, e muito saudáveis, pois são ricas em nutrientes. Têm bastante água, contêm muito pouco óleo, e são virtualmente livres de gordura. São ricas em hidratos de carbono complexos e contêm proteína de elevada qualidade – comparável com a do ovo – não têm glúten, nem colesterol. Nutricionalmente, são idênticas ao arroz integral. Curiosamente, têm tanta vitamina C como os limões. De seguida apresenta-se uma lista com a constituição das castanhas, por 100g:
Hidratos de Carbono: 52.96 g
Energia: 245 kcal/ 1025 kJ
Gordura poli-insaturada: 0.869 g
Gordura monoinsaturada: 0.759 g
Açúcares: 10.6 g
Fibra: 5.1 g
Proteínas: 3.17 g
Lípidos: 2.2g
Magnésio: 33 mg
Manganês: 1.18 mg
Ferro: 0.91 mg
Fósforo: 107 mg
Potássio: 592 mg
Riboflavina: 0.175 mg
Sódio: 2 mg
Zinco: 0.57 mg
Cálcio: 29 mg
Betacaroteno: 14mcg
Cobre: 0.507mg
Vitamina K: 7.8mcg
Vitamina E: 0.5mg
Vitamina C: 26mg
Vitamina B6: 0.497 mg
Vitamina A:24IU



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Antigamente, a castanha tinha um papel importante na alimentação de vários povos, já que era conhecida como o pão dos pobres. Em anos maus para a agricultura, a castanha conseguia substituir os cereais – a farinha de castanha contém entre 6 a 8% de proteínas, 3% de lípidos e 40%-42% de gorduras.

Ao contrário dos outros frutos secos, a castanha é rica em hidratos de carbono complexos, sob a forma de amido e fibra, e contém pouca proteína e gordura. Por isso, tem menos calorias do que os outros frutos secos. De facto, 100g de castanhas apresentam cerca de 180Kcal, enquanto a mesma quantidade de amendoins ou amêndoas fornecem cerca de 570 e 620 Kcal, respectivamente. Por outro lado, cerca de 100 g de castanha fornece aproximadamente um terço da dose diária recomendada de vitamina E, e um quarto da de vitamina B6. É ainda uma excelente fonte de minerais como o cálcio, o potássio e o magnésio.

Se para uns a castanha faz as delícias de um serão, para outros a ingestão deste fruto é sinónimo de cólicas intestinais. O truque para minimizar estes efeitos passa por evitar a combinação da castanha com pão, arroz, batata e outros alimentos feculentos. Importa reforçar que o consumo de castanha é compatível com o leite e seus derivados, bem como fruta fresca.

Para além de poder ser comida crua, a castanha é um fruto muito versátil. Assada, cozida ou em forma de puré, a castanha pode servir de acompanhamento em diversos pratos, pode ser utilizada na confecção de sopas e guisados e até na produção de pão, bolos e biscoitos. Há para todos os gostos. Resta aproveitar!


Nutricionista Alexandra Bento

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